31 de dez. de 2009

Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança.
E ela pensa que quando todas as sirenas,
todas as buzinas,
todos os reco-recos tocarem,
Atira-se
e
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mário Quintana

16 de dez. de 2009

...saudade...


"Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim."
Ana Jácomo

3 de dez. de 2009

"Bom mesmo é ser inesquecível!


Tudo que não se lembra bem, tudo que foi passageiro, tudo que exige esforço pra ser lembrado não foi bom. Boas memórias são como tatuagens, marcantes, deliciosamente marcantes."

"o que mais chama atenção em mim:

eu não corro quando chove."

Saudade

Recebi essa mensagem do meu amigo Roberto Gonçalves. Não deu pra conter as lágrimas. O texto é forte como tudo que se refere à saudade. Com o tempo, aquele período bom da convivência diária vai ficando pra trás, na memória... Mas só tem saudades quem amou. Então somos feliz, pois temos a certeza que amamos e somos amados. Dedico este texto a todos os meus amigos, especialmente, à Patrícia, Penéllope e Roberto. Pessoas que tornaram os meus quatros anos de faculdade mais suaves e perfumados.

Amo vocês. Pra sempre...


Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrima, de angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue sua a vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe... nos e-mails trocados. Podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens...

Aí os dias vão passar, meses... anos... até esse contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo... Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão? Quem são aquelas pessoas?
Diremos... Que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!

Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo.E entre lágrimas nos abraçaremos. Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.

E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Fernando Pessoa

2 de dez. de 2009

ame

"Quem não faz do amor a sua espada,
tem de escudo o coração."

Jorge Vercillo


Para quem estava com saudade...


Sou suspeita para falar sobre o show de Jorge Vercillo porque sou fã e o amo incondicionalmente. Mas como ouvi relatos de pessoas que foram pela primeira vez ao show dele, posso dizer com todas as letras e em maiúsculo: o show foi M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!

Tudo perfeito. Desde o comercial que anunciava: "...e para quem estava com saudades... Jorge Vercillo." Nada mais verdadeiro. Foi uma noite para matar as saudades, mas sempre com aquele gostinho de quero mais. Mesmo com mais de 2h30 de show... Uma noite inteira não saciaria a nossa vontade de ouvir, dançar e vercillar. A vinda de Jorge Vercillo é sempre uma oportunidade para rever os amigos e botar o papo
em dia. Ele consegue unir todas as coisas. Não há a menor dúvida.

O show como de praxe foi aberto com Melhor Lugar. Após algumas músicas, Jorge pôde perceber que aqui é o melhor lugar e repetiu o trecho: Aqui ainda parece o melhor lugar... E, é! Embora, em alguns, pairasse a incerteza sobre quem seria a atração principal. Não ficou nem uma sombra de dúvida de que a maioria foi pra ver e ouvir Jorge Vercillo. O êxtase tomou conta do Chevrolet Hall com a entrada do cantor. O show de Fagner também foi lindo com músicas que marcaram e marcam a vida de todos nós. Com direito a volta do cearense no show de Jorge. Cantaram Fácil de Entender (composição de Jorge regravada por Fagner), Velas do Mucuripe (a pedido de Jorge) e Canteiros.

Reafirmando que todos nós somos um, Jorge mandou que fosse liberada a entrada das pessoas que estavam nas laterais para oo setor das mesas. "A casa é nossa", afirmou. E foi mesmo. Ele agradeceu às pessoas que estavam nas mesas pela compreensão e reiterou que para ele não havia diferença entre quem estava nas mesas, nos camarotes ou na pista. Todos são iguais, todos são um. Tem como não se apaixonar por essa criatura? Até ciranda teve. No momento da capoeira o músico pernambucano Fabinho Costa mandou ver com a tradicional ciranda: "Eu tava na beira da praia ouvindo as pancadas das ondas do mar..." Não tinha como não ensaiar uns passinhos e uma roda de ciranda.

Em um momento, Jorge bebeu água e deu o copo a uma das pessoas que estavam na frente do palco. A galera foi ao delírio. rsrs Glauco Fernandes ainda o desafiou a tocar violino no momento da capoeira. Uma espécie de 'vingança' que nos fez dar boas risadas e ouvir Jorge tocar violino (com um pouco mais de aulinhas ele consegue). Mas não dá pra não achar lindo o que Jorge faz, né? rsrs Esbanjando simpatia e humildade, Jorge cativa ainda mais o público pernambucano. E "(...) se tu me cativas, teremos necessidade um do outro." A saudade já bateu...

Encerramento da turnê Trem da minha vida e expectativas para o novo CD que vai chegar... Com a certeza que teremos um longo tempo de espera até a volta do nosso jardineiro. Até lá, é relembrar os bons momentos. Que não são poucos... rsrs

Foto: Patrícia Greco

1 de dez. de 2009

Deus sabe


Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. Eu não sei, mas minha alma sabe. Então, faço o que me cabe e entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: “Tomara que as nossas vontades coincidam”. Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender.

Ana Jácomo

Quando a vida ficou mais interessante


Se alguém me perguntar quando comecei a sentir a minha vida mais interessante, eu tenho a resposta na ponta da língua: quando comecei a me interessar mais por mim. A ser mais gentil comigo. A dar menos espaço ao que não tem importância e a respeitar o tamanho do que, de fato, me importa. A querer me conhecer melhor. A ter bem menos pressa pra chegar sei lá onde. A apurar o ouvido pra sentir a música das coisas mais simples, que cantam bonito e muitas vezes baixinho. Quando comecei a me enjoar da mania de tentar entender tanto e abri o coração para apreciar mais. Quando comecei a buscar conforto em estar na minha companhia.

Às vezes, ao acordar, eu me olho no espelho e me digo: Vamos lá, Ana, fazer o melhor que a gente puder desse dia. Eu estou com você. De uns tempos pra cá, não é que tem sido verdade?

Ana Jácomo
www.anajacomo.blogspot.com


23 de nov. de 2009

Eu não valho a pena

O primeiro erro que alguém pode cometer num relacionamento é se apaixonar pela outra pessoa antes de conhecê-la bem. A paixão é cega. Ou melhor, a paixão deixa as pessoas cegas. Elas começam a idealizar as outras e esse é o primeiro passo para um relacionamento dar errado. Quando a realidade dá as caras, ninguém é tão perfeito nem tão amor infinito quanto o outro imagina.

Mulher nenhuma dá conta de ser tão linda quanto o outro acha que ela é. Tão legal quanto o outro acha que ela é. Tão desgarrada e sem ciúme quanto o outro gostaria que ela fosse. Isso é coisa do começo, quando os homens ainda enxergam em nós, mulheres, a perfeição. E depois de alguns meses, somos obrigadas a corresponder às expectativas que eles criaram por conta própria. Cadê aquela mulher perfeita, linda, exuberante e legal que eu conheci? Não, querido, essa pessoa nunca existiu a não ser na sua imaginação.

Esse texto poderia ser parte da minha auto-biografia premeditada. Coisas que podemos escrever antes que elas aconteçam, pois inevitavelmente vão acontecer. Eu nunca consegui ser tão boa companhia quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão culta quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão descolada quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão assídua na academia quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão dona da minha própria vida quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão bem resolvida quanto pensavam que eu fosse.

Talvez eu passe uma imagem errada de mim. Não sou metade da cabeça pensante que pareço, não tenho metade da empolgação pra malhar que já tive, não me viro tão bem sozinha quanto digo que me viro, não gosto tanto assim da minha própria companhia quanto eu digo por aí. Sou chata mesmo e tem hora que nem eu me agüento. Sou extremamente simples, caseira e cheia de manias estranhas (como ouvir Bruno e Marrone e dançar no meio da rua). Faço coisas “de homem” como trocar chuveiro, pintar a parede e consertar descarga em pleno feriado.

Já se apaixonaram por mim diversas vezes e, ainda assim, continuo solteira. Cada vez mais, quero que não se apaixonem por mim, afinal não vou ser metade da fantasia de alguém. Nem tento. Já vou dizendo logo quem sou, pois meu negócio é a realidade. Não tenho mais idade pra namoros adolescentes ou pra me interessar por viver uma ilusão. Todos que se apaixonaram por mim me fizeram sofrer no final. Queriam que eu fosse alguém que eu não sou pra eu corresponder a uma expectativa que não fui eu que criei.

Eu não pareço, nem de longe, a garota da camiseta molhada da revista. Eu não tenho vocação (nem bunda suficiente) pra andar de shortinho enfiado. Nunca vou colocar silicone e meus peitos vão continuar do jeito que eu gosto que eles sejam. Nunca vou achar normal traição e meu conceito de traição inclui trocar telefone (ou outro meio de contato) com uma mulher na balada. Nunca vou deixar solto quem eu amo. Minhas verdades mudam com o tempo, meus valores não. O que alguém acha de mim não vai determinar quem eu sou. Mesmo assim, não vou discordar quando alguém achar que eu não valho a pena. Eu valho. Eu valho a pena se tentarem me amar ao invés de se apaixonarem por mim.

Brena Braz.
http://ateondevai.blogspot.com

10 de nov. de 2009

é caminhando que se faz o caminho...



Não tenho me preocupado muito em saber para onde vou, como durante tanto tempo eu me preocupei. Curiosamente, experimento uma confiança de estar seguindo na direção do caminho que é meu, como nunca antes eu senti. Não há grandes acontecimentos que sinalizem isso. Apenas sinto. Apenas confio.

Ana Jácomo

27 de out. de 2009

♫ Amei ♪




O que eu não conheço
(Jorge Vercillo e J. Velloso)

O mais importante do bordado
É o avesso
É o avesso
O mais importante em mim
É o que eu não conheço,
o que eu não conheço

O que de de mim aparece
É o que dentro de mim Deus tece
Quando te espero chegar,
Eu me enfeito,
Eu me enfeito
Jogo perfume no ar,
enfeito os meus pensamentos

Às vezes quando te encontro eu mesma não me conheço
Descubro novos limites
Eu perco o endereço
É o segredo do ponto é o rendado do tempo
É como me foi passado o ensinamento

O mais importante do bordado
É o avesso,
É o avesso
O mais importante em mim,
É o que eu não conheço,
o que eu não conheço

O que de de mim aparece
É o que dentro de mim Deus tece
Quando te espero chegar, eu me enfeito, eu me enfeito
Jogo perfume no ar,
enfeito meu pensamento

Às vezes quando te encontro eu mesma não me conheço
Descubro novos limites
Eu perco o endereço
É o segredo do ponto, o rendado do tempo
É como me foi passado o ensinamento

24 de out. de 2009

* Foi pra mim *

Atendendo ao meu pedido (por intermédio de Alexandre Cavallo e Zeppa), Jorge cantou Raios da Manhã. Nem acreditei... Só voz e violão... Perfeito! Foi no show do Dia dos Namorados em 2007. Dia, aliás, que o conheci pessoalmente. Tô metida, hein? rsrs E não é pra ficar? Fiquei mesmo. =)

Retrato da vida



Retrato da Vida
Djavan / Dominguinhos

Esse matagal sem fim
Essa estrada, esse rio seco
Essa dor que mora em mim
Não descansa e nem dorme cedo
O retrato da minha vida
É amar em segredo

Não quer saber de mim
E eu vivendo da tua vida
Deus no céu e você aqui
A esperança é quem me abriga

Esses campos não tardam em florir
Já se espera uma boa colheita
E tudo parece seguir
Fazendo a vida tão direita

Mas e você o que faz
Que não repara no chão
Por onde tem que passar
E pisa em meu coração?

O teu beijo em meu destino
Era tudo o que eu queria
Ser teu homem, teu menino
O ser amado de todo dia.

14 de out. de 2009


Se olhares em mim verás: não sou tão má quanto pensas, apenas não sou tão corajosa como imaginas. Pareço forte, mas no fundo sou fraca. Às vezes chata, mas no meu íntimo há sentimentos diversos. Pareço metida, porém se olhares em meu semblante com o seu coração, verás apenas humildade. Calma sempre, posso até parecer solitária. É que realmente tenho poucos amigos. A diferença é que os muitos que você tem não valem metade de um meu. Pense nisso, depois me julgue. Mas lembre-se que se me julga pela aparência, sou apenas o reflexo de sua ignorância.

Clarice Lispector



13 de out. de 2009

Saudades que riem


Existem saudades que sabem rir. São as minhas preferidas. Algumas, nascem sabendo. Outras aprendem, depois de transformar o choro.

Como borboletas, voam pelos jardins da memória, abraçam as lembranças mais viçosas, e saboreiam o néctar, sempre disponível, das alegrias perenes.

Ana Jácomo

11 de out. de 2009

amo, amo, amo


[ e a conta da saudade quem é que paga?]
te amooooo


Preciosidade


Nós também fazemos diferença para muita gente. Não estamos isolados nos nossos corpos como muitas vezes sentimos ou, por medo, talvez preferíssemos. Nossos gestos afetam outras tantas pessoas, conhecidas ou não. Fazemos parte de uma rede tecida por fios sutis de interdependência. Agora, neste instante, existem vidas sendo tocadas, de formas até inimagináveis, pela sua, pela minha. Toda vida é muita vida: ela e tudo o que abraça com os seus longos braços de energia. Se fazemos diferença, que seja com amor. É ele, sempre ele, que faz a diferença mais linda.

texto da doce Ana Jácomo

6 de out. de 2009

30 de set. de 2009

doce, doce, doce...


l "Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce.(...)repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante..." l

29 de set. de 2009


[ Não é a todo mundo que eu permito aproximação, mas entrego o meu universo inteiro nas mãos de quem conquista minha confiança. Ter meu sorriso ou minha lágrima é questão de merecimento. Quanto aos meus queridos... Minha família não calcula o amor que tenho por ela. Eles não são bons em matemática. Meus amigos de verdade não sabem o quanto eu os quero bem. Eles são poucos e eu os conto nos dedos de uma mão só, mas valem mais que os 900 amigos do seu Orkut juntos. E o meu coração? Ele é bom, mas é burrinho. Não dou ouvidos a ele. Ou talvez, por não ouvi-lo, então a burra seja eu. ]

Teresa Roberta Soares - jornalista

16 de set. de 2009

O chamado do amor


Tudo o que sabemos a respeito do amor é inacabado. A cada pretensa linha de chegada, o nosso entendimento se depara com uma nova linha de partida. A cada porta atravessada, encontramos outra, mais à frente, para ser aberta.

O amor é um caminho que clareia, progressivamente, à medida em que o percorremos, como se cada passo nosso fizesse descortinar um pouco mais a sua luz. A jornada é feita de dádivas e alegrias, mas também de imprevistos, embaraços, inabilidades, lições de toda espécie.

De vez em quando, tropeçamos nos trechos mais acidentados. Depois, levantamos e prosseguimos: o chamado do amor é irrecusável para a alma. Desistir dele, para ela, é como desistir de respirar.

Ana Jácomo
www.anajacomo.blogspot.com


15 de set. de 2009

Os dias da semana

No Império Romano septimana era a semana, ou seja, as sete manhãs, de origem babilônica. Os nomes dos dias aludiam aos deuses e a corpos celestes. O dia do Sol, dies Solis, o dia de Saturno,dies Saturni e os demais dedicados à Lua, dies Lunae, (segunda), a Marte, dies Martis, (terça), a Mercúrio, dies Mercurii, (quarta), a Júpiter, dies Iovis, (quinta) e a Vênus, dies Veneris, (sexta).

Com o tempo, a Igreja baniu os nomes pagãos dos dias, e oficializou as feiras. O domingo passou a ser dedicado a Deus, o dies Dominicus, dia do Senhor, e o sábado manteve o nome de sabbatum, derivado do hebraico shabbath, descanso, último dia da semana, consagrado pelo Velho Testamento. Mas por que as feiras, de segunda a sexta? É que nesses dias, no adro das igrejas, os agricultores medievais realizavam suas feiras e fechavam negócios.

O idioma português acompanhou o latim. Domingo é o primeiro dia da semana, segunda-feira o segundo, e assim por diante, até a sexta-feira.

Deuses, planetas e outros corpos celestes permaneceram designando os dias da semana em outros idiomas. Em inglês, domingo é o dia do Sol, Sunday, (sun, Sol) segunda é o da Lua, Monday(moon, Lua), mas os demais se originam da mitologia nórdica: a terça, Tuesday, day of Tiu, o dia de Tiu, deus da guerra; a quarta, Wednesday, day of Woden, dia de Woden, ou Odin, o deus correspondente a Mercúrio; a quinta, Thursday, day of Thor, o deus do trovão; e sexta, Friday,day of Frigg, a esposa de Woden.

Em francês e espanhol temos, respectivamente: a segunda, lundi e lunes, relativa à Lua; a terça,mardi e martes, relativa a Marte; a quarta, mercredi e miércoles, relativa a Mercúrio; a quinta,jeudi e jueves, relativa a Júpiter; e a sexta, vendredi e viernes, relativa a Vênus.

Isso, sem falar na nomenclatura dos dias e dos meses instituída pela Revolução Francesa, de que falaremos proximamente. Seja como for, homenageando o firmamento, as divindades, os agricultores ou as forças da Natureza, enquanto o mundo gira e os homens se engalfinham, o Sol continua criando vida e a Lua inspirando o amor . . .

Fonte:
www.marciocotrim.com.br

Marcio Cotrim tem uma coluna semanal no jornal Diario de Pernambuco entitulada 'Berço da Palavra', onde ele revela a origem de expressões que usamos no nosso cotidiano.Outras expressões do Berço da Palavra podem ser encontradas nos livros "O Pulo do Gato" e "O Pulo do Gato 2".

Neblina


[Restava só um fio de esperança.
Muito pouco da criança,
que um dia eu vi dançar.]
Torquato Mariano


Todas as manhãs ele pousa na minha janela e
canta docemente...
[Como eu posso duvidar que Deus cuida de mim?]

14 de set. de 2009

sempre, sempre...



:. pra sempre .:

Drible da vaca


Antes de tudo, o berço da palavra drible. Vem do inglês dribbling, ato de driblar, gingar o corpo controlando a bola com o pé, enganar, ludibriar o adversário.

Você já viu jogo de futebol numa fazenda? Pois é, nele, quando menos se espera, uma vaca invade o campo e o jogador tem que dar o drible da vaca, ou seja, jogar a bola por um lado e sair correndo — da vaca . . . — pelo outro.

Foi o fenomenal Garrincha quem popularizou a expressão, pois ele, quando menino, era useiro e vezeiro em driblar vacas de Pau Grande — não se impressione, estou é falando do nome da cidade do Estado do Rio de Janeiro em que ele nasceu . . .

O mais célebre de todos os dribles da vaca foi o que Pelé aplicou no arqueiro uruguaio Mazurkievicz na Copa do Mundo de 1970, realizada no México. E com requinte adicional: nem tocou na bola, enriqueceu a jogada com um drible de corpo no goleiro!

Numa grande injustiça, essa obra-prima do futebol não teve final feliz: a bola não entrou, tirou tinta da trave! Mesmo assim, até hoje provoca assombro em quem revê o incrível lance do velho e fascinante esporte bretão. . .

Fonte: www.marciocotrim.com.br

Marcio Cotrim tem uma coluna semanal no jornal Diario de Pernambuco entitulada 'Berço da Palavra', onde ele revela a origem de expressões que usamos no nosso cotidiano.Outras expressões do Berço da Palavra podem ser encontradas nos livros "O Pulo do Gato" e "O Pulo do Gato 2".


"O que é belo deve ser imortal."
Rubem Alves

13 de set. de 2009

De meia-tigela


Na linguagem popular, é coisa de pouco valor. A origem da expressão nos leva aos tempos da monarquia portuguesa. Nela, as pessoas que prestavam serviço à Corte – camareiros, pajens, criados em geral – obedeciam a uma hierarquia, com obrigações maiores ou menores, dependendo do posto de cada um.

Alimentavam-se no próprio local de trabalho e recebiam quantidade de comida proporcional à importância do serviço prestado. Assim, alguns comiam em tigela inteira, outros em meia-tigela, critério definido pelo Livro da Cozinha del Rey e rigorosamente observado pelo funcionário do palácio conhecido como veador, o comprador ou dispenseiro, aquele que supervisionava as iguarias que chegavam à mesa real – na verdade, o grande fiscal da comilança palaciana.

Hoje, essa odiosa discriminação deixou de existir, mas ficou o sentido figurado da expressão, que continua designando coisas ou pessoas irrelevantes no seu meio social, agora razoavelmente alimentadas pelo vale-refeição, tão em moda entre nós . . .

Fonte: www.marciocotrim.com.br

Marcio Cotrim tem uma coluna semanal no jornal Diario de Pernambuco entitulada 'Berço da Palavra', onde ele revela a origem de expressões que usamos no nosso cotidiano. Outras expressões do Berço da Palavra podem ser encontradas nos livros "O Pulo do Gato" e "O Pulo do Gato 2".


"De alma lavada e passada..."

12 de set. de 2009


O medo de perder o teu caminho dói bem mais do que o espinho de saber que você foi. Você foi o sabor de outros sonhos, a paixão e a razão de outros delírios, que alimentam minha dor.
[Torquato Mariano]


TM

Sintaxe à vontade
O Teatro Mágico

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade, sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?

DÓ RÉ MI...

Fá, sol, lá, si, eis as notas musicais. Por assim dizer, os insumos básicos para a composição de qualquer melodia.

Seu berço nos leva ao monge beneditino Guido D’Arezzo, que viveu de
995 a 1050. Mestre do coro da catedral de Arezzo, na Itália, ele deu nome às primeiras seis notas. Para isso, utilizou as sílabas iniciais dos versos de um hino latino a São João Batista que dizia assim: “
Ut queant laxis/ Resonare fibris/ Mira gestorum/ Famuli tuorum/ Solve polluti/ Labii reatum./ Sancte Iohnnes.” Em português: “Ó São João, purifica os nossos lábios maculados a fim de que possamos celebrar, plenamente, os teus feitos maravilhosos”.

A história desse hino é curiosa. Seu autor, o italiano Paolo Diacono, depois de pegar um bruto resfriado e ficar afônico, implorou a São João que lhe fizesse voltar a voz e o pedido virou hino!

Os nomes das notas mantiveram sua forma primitiva até o século 17, quando foi acrescentada a sétima, si, pela junção das iniciais de Sancte Iohnnes. No século 18, a primeira mudou de ut para, mais sonora para ser cantada.

Por falar em música, lembremos o grande Artur da Távola: “Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão”. . .

Fonte: www.marciocotrim.com.br

Marcio Cotrim tem uma coluna semanal no jornal Diario de Pernambuco entitulada 'Berço da Palavra', onde ele revela a origem de expressões que usamos no nosso cotidiano.