11 de set. de 2009

Cair a ficha


A expressão ainda é bastante popular, mas já não faz sentido, pela simples razão de que não se usa mais ficha para falar em telefone público. Agora é cartão.

Vale a pena contar um pouco de história. Desde 1930, os telefones públicos funcionavam com moedas de 400 réis. Veio a inflação, e galopante, o que fez com que, a partir dos anos 70, o governo preferisse a utilização de fichas. Só com elas seria possível acionar os chamados orelhões, equipamento urbano que virou figurinha fácil nas cidades brasileiras, embora vândalos e cafajestes, sem motivo algum, destruíssem boa parte deles, verdadeira estupidez.

Esse tipo de ficha só caía após ser completada a ligação, o que fez nascer a expressão cair a ficha, ou seja, o momento em que conseguimos entender alguma coisa. As fichas desapareceram em 1992 e deram lugar aos cartões, até hoje em vigor, mas a expressão continua sendo lugar comum em nosso quotidiano.

Os episódios de corrupção que se sucedem em catadupa revelam uma perversidade: o eleitor se ilude com as promessas dos candidatos. Engambelado, acredita que eles vão fazer o que prometem nas campanhas eleitorais. Vã quimera, douda ilusão. É quando cai a ficha: vem a decepção, a indignação, a revolta. Enquanto isso, os espertinhos se esbaldam mamando alto, esquecem solenemente tudo o que juraram com a mão sobre a Bíblia . . .

Fonte: www.marciocotrim.com.br

Marcio Cotrim tem uma coluna semanal no jornal Diario de Pernambuco entitulada 'Berço da Palavra', onde ele revela a origem de expressões que usamos no nosso cotidiano.

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