Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
31 de jan. de 2010
Vim me buscar
Tem fé...
Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.
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20 de jan. de 2010
19 de jan. de 2010
A mini saia e a liberdade à brasileira
Piadas, de bêbado e homossexual. “Psicólogos”, “conselheiras” sentimentais e familiares usam sofrimentos de pessoas em programas sensacionalistas. Há “formadores de opinião” para qualquer assunto. Afirmo, sem medo de errar, que nós precisamos é de formadores de caráter. Há um grande apagão cultural. È como se todos estivessem sonâmbulos. Não se discute nada de profundo, alternativas para o país. A juventude sem sonhos e poesia não tem em que ou em quem se inspirar.
Contrabando é crime, mas artigos contrabandeados são vendidos nas ruas na cara da polícia. O cerrado e a floresta, mais destruídos. As cidades em colapso no trânsito e na urbanidade. Crime e violência por toda parte. Milhões de brasileiros nas filas de atendimento da péssima saúde pública. O Brasil continua exportando matéria prima e importando bugigangas. Baixa produção científica e tecnológica. Cada vez menos formandos em matemática, engenharias, física, química, biologia, ciências exatas.
Se escolas e universidades se comportassem como instituições a formar cidadãos para o equilíbrio social e moral do país, discussões públicas velhas e exageradas como essa da mini saia em universidade paulista não prosperariam. O X da questão não está na altura da saia rosa choque da aluna, mas como, onde e por que foi usada. O que fez parte da imprensa “séria”, onde microfones e páginas estão nas mãos de “formadores de opinião”? Usou o assunto para aumentar audiência e tiragem. Isto È critica a UNIBAN por seu interesse mercantilista. O que fez a revista ao dar capa à mini saia com reportagem cheia de frases do movimento feminista dos anos 60/70? Nenhuma palavra sobre regras, normas, comportamento nas escolas, em sala de aula, respeito mútuo. Destacaram mulheres com os seios de fora em Brasília, defensoras da garota da capa.
A STAR IS BORN
Com apoio da TV Globo nasce uma estrela nos costumes e no showbiz brasileiro. O cenário se repete. A moça já foi convidada para posar nua. Vai desfilar na escola de samba Porto da Pedra. Em breve poderá ter seu espaço televisivo e ser mais uma formadora de opinião. No programa Altas Horas ela sentou-se na cadeira da fama, mas de jeans. Mandou recado para milhões de garotas: “a roupa é minha, visto como quiser, as sextas sempre vou a baladas e já saio de casa vestida e não devo satisfação a ninguém, aquele vestido é um dos mais discretos que uso”.
Recebeu apoio de universitárias de Brasília com os seios à mostra: “se quiser ir nua que vá é a liberdade de cada um, o corpo é meu, ninguém tem nada com isso”. O apresentador do programa com cara de pateta, cercado por estudantes-tietes achando-se o máximo por promover a “liberdade”. Uma aluna de mini saia, saltos altos, super maquiada, produzida para baladas, em aula noturna, no meio de marmanjos, ou está com problemas de aceitação, chamando atenção para ser notada; ou não sabe a diferença entre o vulgar e o popular; ou está querendo bagunçar com um confronto premeditado.
Nas escolas do mundo todo há normas, uniformes, regras de comportamento onde muçulmanos, cristãos, budistas, ateus, ricos e pobres, educam jovens que continuarão a defender valores e princípios de seus povos e países. Psicólogos, professores, ao perceberem o comportamento da aluna deveriam ter conversado com ela, orientá-la, ajudá-la a superar fobias e rejeições. Não o fizeram. A reação de estudantes foi desmedida, vazia de conteúdo. Sem instituições sólidas, cria-se a liberdade a brasileira.
Em que ou em quem se espelha a aluna do micro vestido? O que tem aprendido em ética, valores, comportamento e convivência social? O que ela ouve e vê a seu redor? “Sou livre, visto o que quiser a hora que quiser”. Num país sem retentores morais, com apatia política e cultural, sem critérios, a garota não tem a quem responder ou dar satisfação. Nem em casa, nem na escola, nem à sociedade, nem ao país. “Se juiz e desembargador podem, eu posso; se deputado e senador fazem, eu também posso fazer; se o presidente, seus ministros, o prefeito, podem, eu também posso”.
A TV incentiva quebradores de regras. Cria espaço para mulher melancia, samambaia, melão, morango. Popozudas ensinam danças, abrem as nádegas e se abaixam, para mostrar mais. O programa Fantástico da TV Globo no dia 15 de novembro entrou em milhões de lares promovendo o livro e o filme da ex-prostituta Surfistinha, a garota da mina saia e o concurso Menina Fantástico. A Proclamação da República, data histórica do povo brasileiro não interessa. Não dá IBOPE. Em dez minutos a TV Globo daria a milhões de jovens uma necessária aula da queda do império, a velha República, a era Vargas, JK, a ditadura militar e em 15 de novembro de
Estão rasgando páginas de nossa história. A memória nacional se extingue. Com tanta noticia que precisa ser dada ao povo, o noticiário noturno (Globo), no dia 16/11, se despediu destacando prostituta de noticia velha de tablóide inglês. O que ensina e estimula a mais rica e poderosa escola do Brasil? Não há na TV aberta brasileira (concessão pública) incentivo ao cumprimento de leis, a regras de respeito mútuo, à solidariedade e cooperação. Destaques, astros e estrelas, são os da marginalidade, corruptos bem sucedidos, políticos mentirosos, os da sexualidade vulgar.
Meu querido Brasil: rico por natureza, mas pobre de cidadania, princípios e ética.
De Miami, Flórida: Adriana Berger é professora de história e literatura brasileira.