28 de fev. de 2009

Ai da nação...


“Nos olhos do mestre havia distâncias e recordações. Olhou para as mentes e para o vasto éter e havia uma luta em seu silêncio. Depois disse: meus amigos e meus companheiros. Depois, disse: meus amigos e companheiros de caminho, ai da nação que é cheia de crenças e vazia de religião. Ai da nação que veste uma roupa que não teceu e come um pão que não segou e bebe um vinho que não flui de seu próprio lagar. Ai da nação que aclama o fanfarrão como herói e considera generoso o conquistador resplandecente. Ai da nação que despreza uma paixão em seu sonho, e a ela se submete em seu despertar. Ai da nação que só levanta a voz nos funerais e só se vangloria de seus monumentos em ruínas, e só se rebela quando seu pescoço está entre a espada e o cepo. Ai da nação cujo estadista é uma raposa, e cujo filósofo é um prestidigitador, e cuja arte é a arte da maquilagem e da mímica. Ai da nação que recebe todo novo governante com trombetas, e dele se despede com apupos, para receber outro governante com trombetas. Ai da nação cujos sábios estão mudos pelos anos, e cujos homens fortes estão ainda no berço. Ai da nação que vive dividida em fragmentos, cada fragmento se considerando uma nação.”

(Texto de Khalil Gibran, do livro "O Jardim do Profeta")

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